11 janeiro, 2009

Do Outono e do Silêncio

acrílico s/tela


Ah como eu sinto o outono

nestes crepúsculos dispersos,

de solidão e de abandono!

nessas nuvens longínquas, agoureiras,

que têm a cor que um dia houve em meus

versos

e nas tuas olheiras...

Tomba uma sombra roxa sobre a terra.

A mesma nuança em torno tudo encerra

nuns tons fanados de ametista.

Caem violetas...

Paisagem velha e nunca vista...

Paisagem próxima e tão distante...

A luz foge, esfacelando em silhuetas

os troncos

da alameda agonizante.

O outono é uma elegia que as folhas plangem,

pelo vento, em bando...

E o outono me amargura e anestesia

com o silêncio...

Silêncio

das ressonâncias esquecidas

que o fim do dia deixa sempre no ar...

Silêncio irmão das covas,

das ermidas, incenso das distâncias,

onde a memória fica a ouvir perdidas

palavras que morreram sem falar...

Alvaro moreyra, in Lenda das Rosas